Blog · 30/11/-0001
Um declínio preocupante: Brasil perde 6,3 milhões de hectares de superfície de água em quatro décadas
Nos últimos 40 anos, o Brasil sofreu uma redução alarmante em seus corpos hídricos naturais. De acordo com um estudo recente do MapBiomas, o país perdeu 6,3 milhões de hectares de superfície de água desde 1985, o que equivale a quase um terço da área coberta por água naquela época. Essa diminuição drástica destaca um problema ambiental urgente que afeta diversas regiões e biomas do Brasil.
Principais causas da redução da água
A perda de superfície de água no Brasil pode ser atribuída a diversos fatores, entre eles:
- Mudanças climáticas: O aumento das temperaturas e a mudança nos padrões de chuva, devido às mudanças climáticas, têm um impacto direto na disponibilidade de água. A Amazônia, por exemplo, está sofrendo com períodos de seca mais prolongados e frequentes, o que reduz a quantidade de água nos rios e lagos.
- Desmatamento: A derrubada de florestas para dar lugar à agricultura e à pecuária diminui a capacidade do solo de reter água. As árvores desempenham um papel crucial no ciclo da água, ajudando a manter a umidade do solo e alimentando rios e nascentes. Sem essa vegetação, a água escoa rapidamente, reduzindo a superfície dos corpos hídricos.
- Construção de reservatórios e hidrelétricas: Embora esses projetos aumentem a quantidade de água armazenada artificialmente, eles alteram o fluxo natural dos rios e podem contribuir para a redução da superfície de água natural. Além disso, a água nesses reservatórios nem sempre é acessível para o ecossistema circundante.
Impactos regionais
A redução da superfície de água varia entre as diferentes regiões do Brasil. Os estados de Mato Grosso do Sul e Mato Grosso, por exemplo, foram fortemente afetados. Mato Grosso do Sul perdeu 274 mil hectares de superfície de água, uma redução de 33%, enquanto Mato Grosso perdeu 263 mil hectares, ou 30%.
Superfície de água nos estados do Brasil em 2023.
Autor: MapBiomas/2024.
Corumbá, uma cidade em Mato Grosso do Sul, foi o município que mais perdeu superfície de água em 2023 em relação à média histórica. A cidade registrou uma redução de cerca de 261.313 hectares, o que representa uma queda de 53%.
Consequências ecológicas e socioeconômicas
A diminuição da superfície de água tem várias repercussões negativas:
- Biodiversidade: A redução de áreas alagadas afeta diretamente as espécies que dependem desses habitats para sobreviver, como peixes e aves aquáticas.
- Agricultura: Menos água disponível significa menos irrigação para plantações, o que pode levar a colheitas menores e menos alimentos disponíveis.
- Abastecimento de água: Menos água nos rios e lagos significa menos água disponível para consumo humano e para outras necessidades domésticas e industriais.
Para enfrentar esse desafio, é crucial adotar estratégias abrangentes e adaptativas de gestão da água. Algumas abordagens seriam:
- Restauração de áreas degradadas: Recuperar áreas desmatadas e degradadas pode ajudar a melhorar a retenção de água no solo e reabastecer nascentes e rios.
- Práticas agrícolas sustentáveis: Implementar técnicas de cultivo que conservem água e mantenham a saúde do solo.
- Políticas de conservação: Desenvolver e aplicar políticas rigorosas para proteger os recursos hídricos e regular o uso da terra.
Fontes:
https://brasil.mapbiomas.org/wp-content/uploads/sites/4/2024/06/Fact_MapBiomas_Agua_2023_25.06.24.pdf
https://www.ihu.unisinos.br/categorias/640793-cobertura-de-agua-no-brasil-diminuiu-6-3-milhoes-de-hectares-nas-ultimas-quatro-decadas
https://oeco.org.br/noticias/cobertura-de-agua-no-brasil-diminuiu-63-milhoes-de-hectares-nas-ultimas-quatro-decadas/
https://umsoplaneta.globo.com/clima/noticia/2024/06/26/brasil-perde-63-milhoes-de-hectares-de-superficie-de-agua-em-40-anos-quase-um-terco-da-area-de-1985.ghtml